POLÍTICA

PF negocia delações sobre atos do governo Bolsonaro durante segundo turno das eleições de 2022

Essa conjectura surgiu em ocasiões envolvendo figuras como o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, e mais recentemente, o ex-ajudante de ordens Mauro Cid

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Vitória Floro

Publicado em 23/08/2023 às 9:46
Segundo os investigadores, tal relação com o presidente teria a finalidade de "disseminação de várias notícias falsas"
Segundo os investigadores, tal relação com o presidente teria a finalidade de "disseminação de várias notícias falsas" - SERGIO LIMA / AFP

Nos últimos meses, a cada operação conduzida pela Polícia Federal como parte das investigações relacionadas aos eventos ocorridos em 8 de janeiro, envolvendo atos com motivações golpistas, surgem especulações sobre possíveis delações premiadas por parte dos alvos, o que poderia levar a potenciais implicações de Jair Bolsonaro.

Essa conjectura surgiu em ocasiões envolvendo figuras como o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, e mais recentemente, o ex-ajudante de ordens Mauro Cid.

Apesar de tais delações não terem se concretizado, fontes internas da Polícia Federal compartilharam informações com a coluna da repórter Malu Gaspar, do O Globo, que estão acontecendo avanços significativos nas negociações com um grupo específico de indivíduos: servidores do Ministério da Justiça e da Polícia Rodoviária Federal que estiveram associados às operações realizadas no segundo turno das eleições de 2022.

De acordo com investigadores envolvidos nas apurações e nas tratativas com esses servidores, está prestes a ser formalizada a assinatura de pelo menos três acordos que prometem lançar luz sobre a extensão da cadeia de comando envolvida na operação que implementou bloqueios em estradas do Nordeste, notadamente na Bahia, com o suposto propósito de prejudicar a mobilização dos eleitores de Luiz Inácio Lula da Silva durante o segundo turno.

Denominada como "Operação Eleições 2022", essa iniciativa nas estradas foi concebida durante uma reunião restrita de superintendentes da Polícia Federal e foi concebida a partir da análise de relatórios de inteligência do Ministério da Justiça que identificaram as regiões de maior apoio a Lula.

Informações apuradas pela Polícia Federal indicam que, durante a reunião com os superintendentes, o então diretor da PRF, Silvinei Vasques, enfatizou a necessidade de a corporação "tomar um lado", que, de acordo com interpretações, estaria alinhado a Jair Bolsonaro.

Posteriormente, nas instalações do Ministério da Justiça, Silvinei e outros assessores do ministro Anderson Torres examinaram detalhes da operação e da análise elaborada pela então diretora de inteligência, Marilia Alencar.

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O ex-diretor da PRF foi detido em 9 de agosto por ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, em uma operação conduzida pela Polícia Federal.

No mesmo dia, 49 indivíduos que participaram da reunião da PRF foram interrogados, além de diversos outros servidores com funções cruciais no Ministério da Justiça.

Após esses eventos, as negociações entre os investigados e a Polícia Federal progrediram. Entretanto, ainda levará algum tempo até que seja revelado o teor exato das informações que garantiram a esses indivíduos a oportunidade de negociação tão avançada com a Polícia Federal  e com o ministro Alexandre de Moraes.

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