A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) convocou Diego Pupe para prestar depoimento na tarde desta quinta-feira, 14 de setembro.
Pupe, que anteriormente serviu como assessor de Jair Renan Bolsonaro, filho mais jovem do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), está envolvido em uma investigação relacionada a alegações de lavagem de dinheiro e associação criminosa.
Embora uma conversa com os investigadores tivesse sido inicialmente agendada há três semanas, ela foi posteriormente cancelada. Agora, um depoimento formal foi marcado. Pupe confirmou à CNN que está disposto a responder às perguntas dos policiais.
A investigação se concentra na possível existência de um esquema de lavagem de dinheiro e associação criminosa. Os investigadores do Departamento de Combate ao Crime Organizado e Corrupção (Decor) têm o interesse de entender a relação de amizade entre o filho do ex-presidente e seu instrutor de tiros, conforme declarado por Pupe. Segundo ele, os três costumavam viajar juntos.
Jair Renan e Diego Pupe também eram frequentadores de uma academia de tiro sob investigação pela PCDF, conhecida como "357". O proprietário dessa academia, Maciel Carvalho, foi detido em 24 de agosto, embora a empresa tenha sido posteriormente transferida para Marco Aurélio Rodrigues.
A Polícia Civil suspeita que Rodrigues tenha sido usado como "laranja" para ocultar os verdadeiros proprietários da academia. Além disso, a empresa de eventos em que Diego Pupe trabalhava em parceria com Jair Renan também foi transferida em março deste ano, levando a polícia a investigar Pupe como uma possível peça-chave em um esquema de lavagem de dinheiro.
Alvos da operação
O principal alvo da operação da Polícia Civil foi Maciel Alves de Carvalho, apontado como o líder do suposto esquema e instrutor de tiro de Jair Renan Bolsonaro. Carvalho foi detido durante a operação, que suspeita que ele usava seu clube de tiros como fachada para atividades ilegais de compra e venda de armas.
A investigação também se concentra na abertura de contas em nome dos envolvidos na operação e busca esclarecer qual seria o papel do chamado "filho 04" do ex-presidente Bolsonaro no suposto esquema. A investigação aponta para a existência de uma associação criminosa com três elementos principais.
O primeiro ponto de partida são as empresas registradas em nome de Marco Aurélio Rodrigues. Ele figura como sócio-administrador da Academia de Tiro 357, com um capital social de R$ 3,5 milhões, e da RB Eventos e Mídia LTDA, com um capital social de R$ 105 mil.
A Academia de Tiro 357 foi inaugurada em 2011 e posteriormente transferida para Marco Aurélio em 2021. A empresa de eventos, por sua vez, pertencia a Jair Renan até março de 2023, quando também foi transferida para Marco Aurélio.
O segundo elemento da investigação é a suspeita de que Marco Aurélio seja utilizado como um "laranja" para ocultar a verdadeira propriedade das empresas de fachada.
O delegado à frente do caso, Marco Aurélio Sepúlveda, explicou que "a investigação sugere que vários suspeitos teriam criado pessoas fictícias e estabelecido empresas com o objetivo de obter vantagens financeiras ilícitas".
Além disso, a investigação descobriu que Maciel Alves e um de seus associados teriam criado a falsa identidade de Antonio Amancio Alves Mandarrari, cujo nome falso foi utilizado para abrir contas bancárias e figurar como proprietário de empresas, atuando como "laranja".
De acordo com informações da investigação, o comparsa de Maciel Alves seria Eduardo Alves, que teve um mandado de prisão expedido na operação "Nexum", mas não foi localizado e é considerado foragido.
A polícia planeja interrogar outras pessoas relacionadas às empresas nos próximos dias.
*Com informações da CNN Brasil