Quarentena surte efeito na Sulanca de Caruaru, mas feirantes migram para Santa Cruz

Reforço na fiscalização inibiu comercialização ilegal, mas vendedores e compradores foram para cidade próxima
Ana Maria Santiago de Miranda
Publicado em 29/06/2020 às 14:31
Na maior parte do Parque 18 de Maio não houve comercialização nesta segunda Foto: Nayara Vila Nova/TV Jornal Interior


O principal dia da quarentena rígida decretada pelo Governo de Pernambuco em Caruaru, no Agreste de Pernambuco, aconteceu nesta segunda-feira (29), quando tradicionalmente ocorre a Feira da Sulanca na cidade. Nas últimas semanas, vendedores e compradores se aglomeraram no Parque 18 de Maio para comercializar os produtos em calçadas e malas de carro, mesmo com a atividade proibida. O movimento na feira era motivo de preocupação do governo estadual, por causa do risco de contaminação pela covid-19.

Com quarentena em Caruaru, feira de Santa Cruz atrai muitos compradores nesta segunda

"Estamos prontos", diz Raquel Lyra sobre reabertura das atividades econômicas

Desde a madrugada da segunda, a Polícia Militar bloqueou ruas no entorno da feira para impedir que os vendedores se instalassem na área. Algumas pessoas chegaram a comercializar na Avenida Gregório de Matos, que fica nas proximidades, mas na maioria dos ambientes havia pouca movimentação. "Graças a Deus conseguimos esse resultado, de não permitir essa aglomeração. Nós sabemos que é uma medida um pouco dura, é um sacrifício para muitas pessoas que realizam seu comércio aqui, mas uma medida extremamente necessária", avaliou o tenente coronel Saraiva, comandante do 4º Batalhão da Polícia Militar.

Por causa da fiscalização, foi percebido um aumento no movimento do Delivery Sulanca Caruaru, criado pela prefeitura para que os feirantes possam entregar mercadorias vendidas previamente, no estacionamento do Polo Caruaru. A gestão municipal contabilizou um número de três vezes maior de entregas com relação às semanas anteriores.

Além de Caruaru e Bezerros, outras cidades do Agreste poderão ter quarentena

Mas enquanto o reforço do policiamento na Capital do Agreste inibiu a maior parte dos sulanqueiros de comercializar de forma ilegal, a área próxima ao Moda Center Santa Cruz, em Santa Cruz do Capibaribe, foi o destino de quem queria comprar confecções. Pela manhã, havia sulanqueiros vendendo mercadorias às margens da BR-104, na entrada da cidade, e nos arredores do estacionamento do centro de compras. Os produtos eram comercializados em malas de veículos.

Dia de feira foi movimentado em Santa Cruz do Capibaribe
Reprodução/TV Jornal Interior

Cenário parecido foi visto no último domingo (28), dia da Feira do Jeans, em Toritama, destino de ônibus de várias cidades da região. Em Santa Cruz e Toritama, apenas as lojas de tecidos e aviamentos e o comércio atacadista estão autorizados funcionar. Mesmo sem a quarentena rígida nas outras duas cidades do Polo de Confecções do Agreste, as feiras seguem proibidas, desde o dia 18 de março.

Plano de Convivência com a Covid-19

Todo o Polo de Confecções segue incluído na lista das 85 cidades que foram barradas de avançar no Plano de Convivência com a Covid-19, já em vigor na Região Metropolitana do Recife (RMR) e no Sertão do Estado. Com o endurecimento das medidas tanto em Caruaru como Bezerros, também no Agreste, desde sexta (26), algumas atividades que já tinham sido liberadas - como as lojas de tecido e o comércio atacadista - tiveram que recuar e funcionam apenas como pontos de coleta, pelo menos até o dia 5 de julho. As atividades essenciais seguem funcionando normalmente, assim como a construção civil (50% da capacidade) e a indústria. Bares e restaurantes funcionam apenas para delivery.

Em coletiva de imprensa nesta segunda-feira (29), a prefeita de Caruaru, Raquel Lyra, voltou a criticar a decisão do Governo de Pernambuco de endurecer ainda mais as medidas de isolamento social na cidade. "Os protocolos estão prontos, o que Caruaru esperava era avançar nas etapas de reabertura, e nós estamos prontos para isso. Vamos passar os 10 dias do isolamento mais rígido imposto pelo Governo do Estado por decreto e esperamos que a gente possa em seguida fazer a retomada das atividades da nossa economia. A gente espera que o Governo do Estado não fique aqui somente durante esses 10 dias, e sim possa fazer parte do nosso comitê de crise e acompanhar a retomada das atividades econômicas tão logo seja possível", declarou.

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