Pesquisador vê maior aceleração da covid-19 em cidades do interior sem quarentena

Santa Cruz do Capibaribe, no Agreste, é uma das que tem mais potencial de crescimento de casos
Ana Maria Santiago de Miranda
Publicado em 30/06/2020 às 15:42
Movimento em Santa Cruz do Capibaribe Foto: TV Jornal Interior


Um levantamento realizado pelo Instituto para Redução de Riscos e Desastres (IRRD), em parceria com a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), o Laboratório de Imunopatologia Keizo Asami (Lika) e outras instituições revela que a aceleração do novo coronavírus (covid-19) em algumas cidades do interior do Estado é maior do que a registrada em Caruaru e Bezerros, no Agreste, que cumprem uma quarentena mais rígida até o dia 5 de julho, decretada pelo governo estadual.

O levantamento, que acompanha 21 cidades pernambucanas, além do estado em sua totalidade, utiliza métodos criados pela Universidade Politécnica da Catalunya, na Espanha. De acordo com os dados levantados pelos cientistas, municípios como Santa Cruz do Capibaribe, Palmares, Petrolina, Serra Talhada e Vitória de Santo Antão também deveriam adotar medidas mais rígidas de isolamento social para minimizar a disseminação do vírus.

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Para o epidemiologista computacional e integrante do estudo, Jones Albuquerque, a decisão de restringir as atividades econômicas em Caruaru e Bezerros foi acertada, mas há municípios em situação pior que também deveriam ter sido consideradas. "Não adianta tentar controlar só um pedaço, ele [o coronavírus] vai passar para os outros. Caruaru é um hub, tem muita movimentação por aí. É normal que o vírus ande entre as cidades", afirmou.

O estudo leva em consideração a média dos casos nos últimos sete dias versus a taxa de ataque em centenas de milhares de habitantes da cidade. O pesquisador compara o cálculo da taxa com uma viagem de carro: "A taxa de infecção é como se fosse a aceleração. Se eu levei 1 hora para percorrer 100 quilômetros, demorou 100 quilômetros por hora, mas isto não traduz quão acelerado estava. Eu podia ter feito o primeiro trecho a 300 km/h e a outra parte da viagem a 20 km/h", explicou.

A taxa, portanto, mede a média de casos nos últimos sete dias com relação à população: "Não é nem a velocidade nem a distância, e sim quanto mais acelerados estamos. Se tem um carro a 50 km/h e outro a 100 km/h, mas o de 50 está mais acelerado, uma hora ele vai passar o de 100". Por isto, mesmo cidades com menos pessoas infectadas têm o potencial de aumentar mais rapidamente o número de casos. "Como eles estão muito acelerados, é esperado que os números aumentem".

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O levantamento é composto por gráficos que apresentam áreas vermelhas (situação crítica de risco), amarelo (situação de atenção) e verde (é possível retomar atividades). Quanto mais vermelho o gráfico e quanto mais para cima a curva estiver, pior a situação do município.

A zona vermelha representa alto risco de infecção, enquanto a zona verde representa baixo risco
Divulgação/IRRD

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