Mais de 76 mil presos tentaram receber auxílio emergencial, diz ministro

Onyx Lorenzoni criticou decisão judicial que suspendeu necessidade de regularização do CPF para o recebimento
Ana Maria Santiago de Miranda
Publicado em 16/04/2020 às 15:56
Ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil


Mais de 76 mil pessoas que estão no sistema prisional tentaram receber o auxílio emergencial de R$ 600 para trabalhadores informais e autônomos do Governo Federal. A informação é do ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni.

"O auxílio não é para bandido, nem para presidiário. Os R$ 600 são para trabalhadores, pessoas de bem, vulneráveis, para pessoas que precisam ser protegidas", disse o ministro, em coletiva de imprensa no Palácio do Planalto nesta quinta-feira (16).

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Onyx Lorenzoni usou as tentativas de fraude para criticar uma decisão judicial que suspendeu a necessidade de regularização do CPF para as pessoas receberem o auxílio.

De acordo com o juiz federal Ilan Presser, do Tribunal Regional Federal da Primeira Região (TRF-1), a regularização do CPF estava causando filas e, de acordo com ele, isso estaria provocando aglomerações e quebrava o distanciamento social recomendado para o combate do novo coronavírus (covid-19). A ordem do juiz foi comunicada após a análise de uma ação representada pelo Governo do Pará.

O ministro disse ainda que pediu à Advocacia Geral da União (AGU) para interpor um recurso para reverter a decisão do TRF-1. "Se o CPF for cancelado, tem 577 mil presidiários que poderão organizar nos presídios usinas de fraude", explicou. O governo informou que o Brasil tem 690 mil presos e o número citado pelo ministro corresponde aos detentos que estão com o CPF irregular, cancelado ou suspenso.

A equipe que participou da coletiva, que inclui o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, o da Dataprev, Gustavo Canuto, e o secretário-executivo do ministério da Cidadania, Antônio Barreto, disse ainda que o governo trabalha para regularizar os CPFs inabilitados por pendências.

Auxílio emergencial

De acordo com a lei aprovada no Congresso e sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro no dia 1º de abril, o Governo Federal fará o pagamento de uma renda básica emergencial no valor de R$ 600 para os trabalhadores informais, autônomos e sem renda fixa, durante a crise do coronavírus (covid-19). O pagamento do benefício será feito ao longo de três meses.

O recebimento do coronavoucher está limitado a dois membros da mesma família. A mulher que for chefe de família monoparental (a única responsável pelas despesas da casa) receberá duas cotas do auxílio, ou seja, R$ 1.200. Uma medida provisória publicada no Diário Oficial abriu um crédito extraordinário de R$ 98,2 bilhões para que o Ministério da Cidadania implante o auxílio.

O que é preciso para receber o auxílio emergencial?

- Ser maior de 18 anos de idade;

- Não ter emprego formal ativo;

- Não ser titular de benefício previdenciário ou assistencial, de seguro-desemprego ou de programa de transferência de renda federal, com exceção do Bolsa Família*;

- Ter renda familiar mensal per capita de até meio salário mínimo ou a renda familiar mensal total seja de até três salários mínimos;

- Não ter recebido rendimentos tributáveis acima de R$ 28.559,70.

Além disso, o beneficiário tem que se encaixar em um dos três perfis:

- Ser microempreendedor individual (MEI);

- Ser contribuinte individual do INSS (Instututo Nacional do Seguro Social);

- Ser trabalhador informal, autônomo ou desempregado, de qualquer natureza, inclusive o intermitente inativo, inscrito no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico) até 20 de março de 2020 ou que cumpra, nos termos de autodeclaração, o requisito de renda mensal per capita de até meio salários mínimo ou renda familiar mensal de até três salários mínimos.

*O auxílio emergencial, segundo a lei, vai substituir o benefício do Bolsa Família nas situações em que for mais vantajoso, de forma automática.

Ampliação das pessoas beneficiadas

O projeto de lei nº 873/20, que amplia o número de trabalhadores a serem atendidos pelo auxílio emergencial de R$ 600, deve ser votado nesta quinta-feira (16) no plenário da Câmara dos Deputados. O impacto do acréscimo no número de beneficiários será de R$ 10 bilhões. A medida visa reduzir os efeitos do novo coronavírus na economia brasileira.

O texto inclui trabalhadores informais como catadores de material reciclável, taxistas, manicures, diaristas e pescadores artesanais. O projeto do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) também permite que mães adolescentes com menos de 18 anos recebam o benefício. Permite ainda o recebimento do auxílio no valor de R$ 1,2 mil por pais solteiros, por cota. Atualmente, o programa paga o valor dobrado apenas para mães solteiras.

Outra medida do projeto é o acúmulo do auxílio emergencial com o programa Bolsa Família (com direito a, no máximo, dois auxílios emergenciais ou um auxílio emergencial e um Bolsa Família).

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