Mesmo com feira proibida, Sulanca amanhece lotada em Caruaru

Comercialização acontece nas ruas e calçadas
Ana Maria Santiago de Miranda
Publicado em 22/06/2020 às 10:27
Compradores e vendedores lotam a Feira da Sulanca, em Caruaru, mesmo com funcionamento proibido Foto: Dom Menezes/TV Jornal Interior


Mesmo com a Feira da Sulanca proibida de funcionar devido às medidas preventivas contra o novo coronavírus, o grande número de pessoas no Parque 18 de Maio, em Caruaru, no Agreste de Pernambuco, surpreendeu na manhã desta segunda-feira (22).

Alguns compradores e sulanqueiros estavam usando máscaras, outros não, mas o fato é que o bairro Petrópolis e o bairro Vassoural estavam lotados nesta manhã e a feira parecia funcionar normalmente.

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Representantes do comércio de Caruaru cobram reabertura das lojas

Mesmo com as lojas de varejo e a Feira da Fundac fechadas, a comercialização ocorre nas calçadas, em malas de carros, entre outros. Desde o início da pandemia, alguns feirantes vendiam de forma irregular com as portas fechadas, mas com a reabertura do comércio atacadista, no dia 8 de junho, a movimentação nas segundas-feiras começou a se intensificar.

Caruaru está entre os 85 municípios pernambucanos que não foram autorizados a seguir com o Plano de Convivência com a Covid-19 e seguem com o comércio varejista fechado, ao contrário das outras 99 cidades, que já reabriram as lojas, os shoppings, igrejas, templos, entre outros.

Nesta segunda, havia uma grande quantidade de carros, motos e até ônibus de outras cidades, o que provocou congestionamentos no entorno do Parque 18 de Maio. O ponto que mais tinha gente era a Estrada da Pitombeira, no bairro Vassoural.

O comerciante Adriano Mendonça saiu de Maceió (AL) para procurar produtos em Caruaru. Ele chegou a comprar através do Delivery Sulanca, plataforma criada pela prefeitura para viabilizar a entrega de mercadorias comercializadas por telefone ou internet no Polo Caruaru, mas que ao perceber que o Parque 18 de Maio já estava praticamente em funcionamento, decidiu ir para lá.

Pedidos de reabertura

O presidente da Associação dos Sulanqueiros de Caruaru, Pedro Moura, contou que vem participando da articulação para a reabertura segura da feira, e que o grupo já enviou ofício ao governador Paulo Câmara, o secretário estadual de Saúde, André Longo, e o secretário de Desenvolvimento Econômico, Bruno Schwambach. "Na situação que está, não pode continuar. Estamos há 90 dias parados e as pessoas têm necessidade de vender, de levar o pão de cada dia para suas casas e estão comercializando nas ruas", pontuou.

Para Moura, caso o funcionamento fosse autorizado, seria mais fácil a regulamentação e a fiscalização das medidas preventivas: "A gente faz um apelo para que as autoridades reconheçam isso".

A Prefeitura de Caruaru garante que está em diálogo com o Governo do Estado e com as prefeituras das outras cidades do Polo de Confecções, como Santa Cruz do Capibaribe e Toritama. A ideia é que a reabertura ocorra de forma simultânea e gradual em todo polo. Apesar disto, reconhece que só será possível reabrir quando houver diminuição nos casos da covid-19 e da demanda por leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) na região.

Reconhecendo os impactos econômicos provocados pela pandemia, o secretário de Serviços Públicos, Ytalo Farias, pede que os sulanqueiros continuem atuando apenas através do Delivery Sulanca. "Toda essa situação está sendo monitorada pela prefeitura, estamos intensificando muito as ações de educação e conscientização da população para que fiquem em casa e migrem apenas para os serviços que são essenciais, evitando o que não está permitido dentro do decreto", diz.

Apesar disto, as orientações parecem não convencer os sulanqueiros.

Muitos vendedores e compradores estiveram na manhã desta segunda na Sulanca - FOTO:Dom Menezes/TV Jornal Interior
Comercialização ocorre nas calçadas, nas malas de carros, entre outros - FOTO:Dom Menezes/TV Jornal Interior
Número de pessoas no Parque 18 de Maio aumenta a cada segunda-feira, mesmo com proibição - FOTO:Dom Menezes/TV Jornal Interior
Sulanqueiros cobram que feira seja autorizada seguindo medidas preventivas - FOTO:Dom Menezes/TV Jornal Interior

Feiras suspensas desde março

A última Feira da Sulanca antes do fechamento dos serviços não essenciais em Pernambuco ocorreu no dia 16 de março. No dia 18 daquele mês, as prefeituras de Caruaru, Toritama e Santa Cruz, em conjunto com o Governo do Estado, decidiram suspender as feiras da região. Na época, não havia casos confirmados do novo coronavírus em nenhuma das três cidades.

No fim de abril, a prefeitura lançou a plataforma Delivery Sulanca Caruaru, para que os sulanqueiros pudessem se comunicar com os clientes e negociar as mercadorias por telefone ou pela internet. A entrega segue sendo realizada às segundas-feiras no estacionamento do Polo Caruaru.

O setor de confecções é o principal da região e o período junino é considerado um dos mais importantes para a economia local. Ao mesmo tempo, ambientes com grande aglomeração de pessoas são propícios para a disseminação do novo coronavírus.

  

Números da covid-19

Atualmente, Caruaru tem 1.534 casos confirmados do novo coronavírus, com 106 óbitos. Dos confirmados, 151 estão em isolamento domiciliar, 23 estão internados em unidades de saúde e 1.254 estão recuperados da doença. Além disto, há 345 casos em investigação, incluindo quatro óbitos suspeitos da covid-19. No total, foram realizados 4.974 testes no município, entre moleculares e rápidos.

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